sábado, 20 de junho de 2009

POESIA E EROTISMO EM O AMOR NATURAL
DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Distantes dos primeiros livros de Drummond, que abarcam um erotismo abstrato, no livro póstumo- O Amor Natural- publicado pela primeira vez em 1992, o erotismo está presente de forma concreta e clara como em nenhum outro. Trata-se de um livro inquietante,porque nos faz pensar os limites entre pornografia e erotismo, o que não ocorreria em livros anteriores. Não podemos negar que o erotismmo sempre existiu na poesia drummoniana, mas a impressão que fica é que o poeta, à mediada que vai envelhecendo, vai se libertando das sutilezas metafóricas e buscando das nome às coisas, sem muitos rodeios. Paralelamente a este "desnudamento" verbal os poemas intensificam o fundo místico, aproximando, assim da vertente erótica e distanciando da pornográfico " quem ousará dizer que ele é só alma?/ quem não sente no corpo a alma expandir-se/ Até desbrochar um puro grito/ De orgasmo, num instante de infinito?"
Em O amor natural, Drummond evidencia o tema a partir do próprio título, dando amplitude aos poemas que nele se encontra: o amor, tratado poeticamente em sua naturalidade, sem perder de vista a experiência erótico-amorosa do homem.
O erotismo em O amor natural caracteriza-se, portanto como atitude, comportamento, impulso que direciona o homem em busca da mulher. Não se trata de enaltecer os atributos de determinada musa inspiradora, mas de resgatar, imaginariamente pela palavra, a fêmea a impulsionar o macho.

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